A vida humana: sagrada e inviolável

O cristianismo tem se distinguido por defender a vida humana como sendo sagrada. Deus inicia a vida no ventre, sustenta-a enquanto a pessoa vive, e finalmente a toma, tudo segundo a sua vontade oberana. Qual deve ser a posição do cristão ante estas verdades?

No princípio criou Deus os céus e a terra. No próprio ato de criar o universo, Deus estendeu a sua soberania sobre toda a criação.

Ele tem o direito sobre tudo o que foi criado, porque a criação foi obra de Deus – e somente de Deus. Entre as muitas maravilhas desta criação recém-realizada, uma nova criatura, chamada de homem, sobressaía por cima de toda a criação. Isto porque era o único ser criado à imagem de Deus. Havia uma diferença fundamental entre o homem e o resto da criação, pois Deus o formou do pó da terra, soprou em suas narinas o fôlego da vida e o homem foi feito um ser vivente. Este homem, com corpo, alma, e espírito, era diferente do resto da criação de muitas maneiras. Ele havia sido criado com espírito e alma para que pudesse adorar ao seu Criador. Por essa razão, também foi-lhe dada a vontade própria e o livre arbítrio. Ele podia escolher entre o bem e o mal. O homem era a única criatura, que por decisão própria, poderia adorar a Deus. Ao criar o homem à sua própria imagem e dar-lhe livre arbítrio, Deus o elevou a uma condição sagrada acima de todas as outras criaturas presentes no Jardim do Éden. Mas, apesar desta vontade própria, o homem estava sempre debaixo da autoridade de Deus e continuava sendo seu.

Em um ato de rebeldia, o ser humano caiu do seu estado de perfeição tendo no seu lugar uma natureza pecaminosa. Os desejos naturais do homem foram corrompidos e a sua vontade ficou sujeita aos impulsos pecaminosos provenientes da sua carne. Havia apenas se passado uma geração quando a terra já bebia pela primeira vez o sangue humano. A Bíblia registra em Gênesis 4:8 que Caim se levantou contra o seu irmão Abel e o matou. A partir deste encontro entre dois filhos que caminhavam pelos campos de seu pai, muitíssimas vidas humanas têm perecido às mãos de outros seres humanos. A violação da sa grada vida humana vai muito além daquilo que podemos imaginar.

Aparentemente, a nossa sociedade caída considera a vida humana como algo negociável. Para a sociedade, os que provocam e praticam abortos são os que têm a autoridade de definir o valor da vida humana. Em muitos casos, são os próprios que defendem o conceito do “direito de morrer”. Os cristãos talvez sejam quase os únicos que crêem que a vida humana tem um valor inerente. Por que razão o ponto de vista cristão difere daquele sustentado pela a sociedade em geral?

O cristianismo tem se distinguido por defender a vida humana como sendo sagrada. Alguns crentes, com um peso no coração pelas almas perdidas, têm levado o evangelho aos lugares mais obscuros do planeta. Junto com a mensagem da salvação, têm levado também o ensinamento de que a vida humana tem um valor inerente, um valor outorgado pelo próprio Deus como dono absoluto da vida.

Em anos recentes, a igreja tem sido sacudida por assuntos que tem a ver com a santidade da vida humana. Nas décadas passadas, as limitações da ciência, até certo ponto, impediam ao homem colocar a mão no início, ou na preservação da vida. Cinqüenta anos atrás, a consciência da maioria não tolerava o aborto de seres humanos. As pessoas da terceira idade eram respeitadas pela sua sabedoria em vez de serem rejeitadas por causa da sua condição frágil. Os “milagres” da medicina que hoje em dia aparecem nos jornais, teriam parecido fantasias em anos passados. Atualmente, o homem pode extinguir a vida humana ainda no ventre, adiar a morte no hospital e duplicar a vida no laboratório. Com a aquisição de todo este conhecimento moderno, o ser humano também terá que enfrentar os assuntos relacionados com a santidade da vida humana.

As palavras “não matarás” são para o cristão o mandamento de Deus de não tirar a vida de outro ser humano. No Salmo 139:13-16 lemos que a vida começa antes do nascimento. Mesmo que a parte física do ser humano não está desenvolvida, o espírito e a alma, sim, estão completamente desenvolvidos. Deus nos considera uma “pessoa” muito antes do nascimento físico. A partir desta e de outras escrituras, o cristão compreende que deve se manter afastado do aborto e da eutanásia.

Mas, como o cristão deve relacionar-se com inúmeros avanços médicos conseguidos nos últimos anos? Há alguns anos, a imprensa sacudiu o mundo com o caso da ovelha Dolly. O que chamava a atenção nessa ovelha era o fato de não ter pais. Dolly era o produto de um processo de duplicação a partir de células-mães, conhecido como clonagem. A clonagem tem como resultado um animal exatamente igual ao animal cujas células-mães foram utilizadas para o processo; quer dizer, a informação genética de ambos os animais é igual. Além da admiração gerada por esta nova técnica, surgiu também a pergunta: poderá a ciência clonar um ser humano? Quais seriam as conseqüências éticas e morais de tal iniciativa? Até agora, a ciência nem sequer chegou próximo de clonar um humano, mas a santidade da vida humana e os assuntos que ameaçam esta condição continuam confrontando a sociedade e a igreja com objetivos que nunca teriam ocorrido aos nossos antepassados.

A pesquisa com células embrionárias, utilizando células-mães capazes de produzir todo tipo de tecido humano, poderia levar a importantes avanços médicos no combate contra doenças como a diabetes, problemas do coração e a doença de Parkinson. O fato de que um embrião produz bilhões de células que poderiam ser utilizadas para tratar milhares de pacientes exerce uma pressão enorme sobre o aspecto ético. No entanto, para desenvolver estas substâncias celulares, seria necessário destruir embriões humanos. Qual deve ser a posição do cristão ante estas verdades? Poderá se dizer, neste caso, que o fim justifica os meios?

A parte física da criação de Deus tinha como propósito prover uma morada para a vida humana, a qual ele depois criou. Assim como as montanhas, os rios e os vales pertencem a um Deus soberano, a vida que neles se encontra também pertence a ele. Quando o nosso entendimento se desvia das verdades simples contidas na Palavra de Deus, ficamos expostos às influências da sociedade que nos rodeia; uma sociedade na qual o cristianismo já não tem lugar. Enquanto a ciência moderna interfere com a vida humana, sagrada e inviolável, o cristão tem um chamado de olhar além desta vida mortal. A meta primordial do cristão é glorificar a Deus através de seu serviço a outros, e não através de tentar preservar e prolongar a vida física. Reconhecemos que acabar com a vida de outra pessoa é pecado; é assassinato. Da mesma maneira, acabar com uma vida ainda no ventre, que não nasceu ainda, mas que foi criada por Deus, também é pecado. A matança de embriões humanos não pode ser justificada simplesmente porque os avanços médicos a exigem. A criação de Deus está sendo destruída para agradar os motivos egoístas da sociedade. Deus inicia a vida no ventre, sustenta-a enquanto a pessoa vive, e finalmente a toma, tudo segundo a sua vontade soberana.

Detalhes
Idioma
Portuguese
Autor
Jeff Jarmon
Editora
Editora Monte Sião
Temas

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