O mormonismo examinado

“Conhecer a fundo sua religião? Por que diz isso?”

Tenho muitos amigos mórmons. Trabalhei com alguns por um ano. Rejeitavam fumar, usar álcool, chá e bebidas cafeinadas. Eram amáveis, hospitaleiros e dedicados à família. Viviam sem luxos. Os jovens planejavam servir como missionários, pagando os próprios gastos.

No geral, admiro a vida dos mórmons. E quase fico espantado com seu zelo religioso. Mas eu queria que conhecessem a fundo sua religião.

Talvez você se pergunte: “Conhecer a fundo sua religião? Por que diz isso?”

Eu digo porque são meus amigos. E parece-me que seus líderes não lhes disseram a verdade sobre sua religião. Por isso, quero contá-la a todos neste folheto. Em uma obra tão pequena, vou poder tratar apenas de uns poucos pontos do mormonismo. Vou escolher aqueles que trazem à luz esse fundamento tão bem escondido aos olhos do mórmon comum.

A história dos mórmons

Joseph Smith, segundo relata seus escritos, recebeu seu chamado em 1820 por meio de uma visão. Nela, ele entendeu que Deus Pai e Deus Filho não se agradavam da igreja cristã daquele tempo. Ele entendeu que Deus o havia escolhido para restaurar o verdadeiro cristianismo.

Em seus escritos, Smith também conta como recebeu de um mensageiro celestial chamado Moroni umas fabulosas placas de ouro no ano de 1827. Segundo Smith, Moroni também lhe deu o “Urim e o Tumim”. De alguma forma, Smith usou essas duas pedras presas a um peitoral a fim de traduzir o texto escrito nas placas em “egípcio reformado” para o inglês. Supostamente ele devolveu as placas de ouro a Moroni. Dessa forma, tornou-se impossível verificar sua tradução. Além disso, até hoje ninguém conseguiu encontrar nenhuma evidência de que exista o idioma egípcio reformado, e todos os especialistas de boa reputação consideram-no como algo mitológico.

A tradução foi publicada primeiramente em 1830 como The Book of Mormon [O livro de Mórmon]. Em 6 de abril desse mesmo ano, foi fundado o movimento que, por fim, foi chamado de “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.

Pouco depois, o núcleo dessa igreja se mudou do estado de Nova Iorque para Ohio (EUA). A principal razão? A extrema impopularidade de Smith e suas revelações entre os que o conheciam bem e consideravam sua nova religião um engano.

Em Ohio, também surgiu oposição, e houve até violência e assassinatos. Depois Smith se estabeleceu no estado de Illinois, edificando ali uma nova cidade povoada por mórmons.

Em 1844, Joseph Smith e seu irmão Hyrum foram presos em Carthage, Illinois, a fim de esperar o julgamento pela destruição de uma publicação antimórmon. Mas, em 27 de junho desse ano, umas 200 pessoas atacaram a prisão e brutalmente assassinaram os dois irmãos Smith, forçando sobre a cabeça deles a coroa indesejada do martírio. A partir dali, a maioria dos mórmons aceitaram a liderança de Brigham Young. (Nem todos o aceitaram, e os mórmons se dividiram em vários grupos que existem até hoje. Neste folheto, veremos apenas o grupo que seguiu Young, por ser o maior e mais influente.)

Enfrentando uma crescente oposição, especialmente à prática da poligamia, em 1847 Young levou o primeiro grupo de mórmons ao vale do Grande Lago Salgado, no futuro estado de Utah (EUA). Ali serviu como o segundo presidente da igreja até sua morte, em 1877. Administrador capaz, Young contribuiu grandemente para o crescimento da nova igreja.

A “Bíblia” dos mórmons

Os mórmons aceitam a Bíblia Sagrada como parte da palavra de Deus, “desde que seja corretamente traduzida”.1 Eles acrescentaram a ela outros três livros: Doutrina e convênios, Pérola de grande valor e o Livro de Mórmon. Esses três, com a Bíblia, formam o que eles chamam de escritura autorizada. Os mórmons chamam o Livro de Mórmon de “Outro testamento de Jesus Cristo” (ou seja, outro além do Novo Testamento da Bíblia Sagrada).

O Livro de Mórmon narra a suposta história de duas civilizações. Em torno de 600 a.C., uma delas viajou de Jerusalém para a América do Sul. Com o passar do tempo, esse grupo se dividiu em dois campos guerreiros: os nefitas e os lamanitas. Por causa de seus atos perversos, os lamanitas foram amaldiçoados com pele escura. Segundo o Livro de Mórmon, Cristo visitou o continente americano, revelou-se aos nefitas, pregou-lhes o evangelho e instituiu o batismo e a santa comunhão.

Devemos aceitar os livros sagrados dos mórmons?

Não! Não existe nenhum respaldo histórico para as declarações fabulosas sobre nefitas e lamanitas. Além disso, esses livros, como veremos, contradizem em muitos pontos o claro ensinamento da Bíblia. E a Bíblia diz:

Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema (Gálatas 1:8).

Contradições nas escrituras sagradas dos mórmons

Poderíamos dar muitos exemplos de contradições, mas basta apenas um. Por um lado, o Livro de Mórmon proíbe a poligamia (o costume de um homem ter mais de uma esposa):

Portanto, meus irmãos, ouvi-me e atentai para a palavra do Senhor: Pois nenhum homem dentre vós terá mais que uma esposa; e não terá concubina alguma. Porque eu, o Senhor Deus, deleito-me na castidade das mulheres. E as libertinagens são para mim abominação; assim diz o Senhor dos Exércitos.2

Mas, por outro lado, as escrituras mórmons dão lugar a essa prática pervertida:

E também, no tocante à lei do sacerdócio: Se um homem desposar uma virgem e desejar desposar outra e a primeira der seu consentimento; e se ele desposar a segunda e elas forem virgens e não estiverem comprometidas com qualquer outro homem, então ele estará justificado; ele não pode cometer adultério, porque elas lhe foram dadas; pois ele não pode cometer adultério com o que lhe pertence e a ninguém mais. E se dez virgens lhe forem dadas por essa lei, ele não estará cometendo adultério, porque elas lhe pertencem e lhe foram dadas; portanto, ele está justificado.3

A história confirma amplamente que os primeiros mórmons permitiram a poligamia. Muitos mórmons, inclusive Joseph Smith, tiveram mais de uma esposa. E não só isso: o próprio Joseph Smith afirmou que o que ele escreveu era um convênio eterno, e que aquele que não o cumpris- se seria condenado eternamente:

Pois eis que eu te revelo um novo e eterno convênio; e se não cumprires esse convênio, então serás condenado, porque ninguém pode rejeitar esse convênio e ter permissão de entrar em minha glória.4

Como pode ser cumprido o que é contraditório?

Além dessas contradições em sua “revelação inspirada”, os mórmons enfrentam outro problema. Em 1862, o congresso americano promulgou uma lei que proibia a poligamia. Mas os mórmons no território de Utah queriam ser parte dos Estados Unidos. Então, no final de 1890, se renderam. Nesse ano, o quarto presidente da igreja mórmon, Wilford Woodruff, publicou o famoso “manifesto” que proibia a poligamia. Podemos dizer que, nessa ocasião, fizeram o que era correto, mas isso anulava o convênio que, segundo Joseph Smith, era eterno. Dessa forma, Woodruff caía sob condenação das escrituras sagradas da igreja da qual ele era presidente. Que contradição!

Isso deveria ser suficiente para nos convencer de que as escrituras sagradas dos mórmons não são inspiradas por Deus. Mas, além disso, elas muitas vezes contradizem os mais claros ensinamentos da Bíblia Sagrada, a verdadeira Palavra de Deus. Vejamos alguns exemplos.

Sua doutrina sobre Deus

Vamos ver o que os mórmons dizem sobre Deus:

O próprio Deus já foi tal como nós somos agora; ele é um homem exaltado.5

Tal como o homem é, Deus já foi; tal como Deus é, o homem poderá ser.6

No céu onde nasceram nossos espíritos, há muitos deuses, cada um deles têm sua própria esposa ou esposas, as quais lhes foram dadas antes de sua redenção, enquanto ainda estavam em seu estado mortal.7

Quando nosso pai Adão entrou no jardim do Éden, entrou com um corpo celestial, e trouxe Eva, uma de suas esposas, consigo. Ele ajudou a fazer e organizar o mundo. Ele é MIGUEL, o arcanjo, o ANCIÃO DE DIAS! Sobre quem os homens santos escreveram e falaram — ELE é nosso PAI e nosso DEUS, e o único Deus com quem temos de tratar8 (ênfase no original).

Também as escrituras dos mórmons ensinam que diferentes deuses habitam o universo. Esses deuses procriam filhos espirituais, os quais se vestem de corpo físico em diferentes planetas.

Resumindo o ensinamento destas citações:

  1. Deus era um homem.
  2. O homem poderá ser Deus.
  3. Há muitos deuses.
  4. Os deuses têm esposas.
  5. Adão é o arcanjo Miguel.
  6. Adão também é o Ancião de dias, é nosso Pai e Deus.

É isso que a Bíblia ensina? Será que há muitos deuses? Nós poderemos ser deuses? O que a Bíblia diz?

Antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador (Isaías 43:10–11).

Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro (Isaías 45:21–22).

Deus é Espírito (João 4:24).

Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento (Lucas 20:35).

Sua doutrina sobre Jesus Cristo

Vejamos o que os escritos mórmons falam sobre isso:

Quando a Virgem Maria concebeu o menino Jesus, o Pai o havia gerado à sua própria semelhança. Ele não foi gerado pelo Espírito Santo. E quem é o Pai? É o primeiro da família humana: e quando tomou o tabernáculo [corpo], esse tabernáculo foi gerado por seu Pai no céu, da mesma forma como os tabernáculos de Caim e Abel, e dos demais filhos e filhas de Adão e Eva. (…) Jesus, nosso irmão mais velho, foi gerado na carne pelo mesmo indivíduo que estava no jardim do Éden, o qual é nosso Pai no céu9 (ênfase no original).

Dessa maneira, eles torcem a revelação bíblica para apoiar seu dogma errôneo de um deus de carne e osso. Eles dizem que Adão foi o pai de Jesus, e que o gerou por meio de relações sexuais com Maria. E não apenas isso: ainda dizem que Adão é nosso Pai no céu. Dessa forma os mórmons rejeitam a declaração bíblica:

E, pensando ele nisto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo (Mateus 1:20).

Sua doutrina sobre a redenção

Segundo os ensinamentos mórmons, Jesus é o irmão mais velho de Lúcifer (o diabo).10 Eles também dizem que Jesus se casou com Maria e Marta, as irmãs de Lázaro, como também com a outra Maria a quem ele amou. Eles afirmam que, por meio dessas mulheres, ele pôde ter sementes antes de ser crucificado.11

Brigham Young declarou que o sacrifício de Jesus Cristo foi ineficaz para a purificação de alguns pecados. Young inventou a doutrina da redenção de sangue, dizendo, com efeito, que o sangue de Cristo não pôde purificar; o sangue do próprio homem é que pode:

Não há homem ou mulher, que viole os pactos feitos com seu Deus, que não tenha de pagar sua dívida. O sangue de Cristo jamais apagará isso, seu próprio sangue tem de fazer essa expiação. (…) Eu poderia dar referência de muitas ocasiões onde os homens foram mortos com justiça a fim de expiar seus pecados. (…) Isso é amar ao nosso próximo como a nós mesmos, se ele necessita de ajuda, ajude-o, se deseja a salvação e for necessário derramar seu sangue na terra a fim de que seja salvo, derrame-o.12

Em uma de suas publicações oficiais, os mórmons dizem:

Os cristãos falam muito do sangue de Cristo e do seu poder de purificar. No entanto, muito do que se crê e ensina sobre esse tema é uma tolice e tão palpavelmente falso que acreditar nisso é perder a salvação.13

A verdade é que o Senhor Jesus, o Salvador do cristão genuíno, é uma pessoa completamente diferente. Ele se ofereceu em sacrifício eterno por todo o pecado. Ele oferece salvação a todos os homens, não por nenhuma obra humana, mas apenas pela graça por meio da fé. O Salvador do Novo Testamento existe eternamente, pois é Deus.

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo (…) porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada (Gálatas 2:16).

Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8–9).

Sua doutrina sobre a salvação universal

Os mórmons ensinam atrevidamente a salvação universal:

Todos os homens serão salvos, mas cada um em sua própria ordem.14

No entanto, a Bíblia ensina que nem todos os homens serão salvos. No fim dos séculos, os incrédulos e desobedientes irão “para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mateus 25:46).

Prezado amigo leitor, as falsas religiões com suas doutrinas erradas abundam. O mormonismo é apenas uma delas. Em nome de Cristo, ofereço-lhe mais do que uma religião: eu lhe apresento Cristo. O cristianismo bíblico:

  • Coloca sua fé no único Deus.
  • Tem um Líder vivo que jamais muda: Jesus Cristo.
  • Não tem nada que precise esconder: nem erro, nem contradição.
  • Não é uma invenção religiosa humana, mas veio pela revelação de Deus como homem em Jesus Cristo.
  • Aceita o sacrifício de Cristo para o perdão de todos os pecados, menos a blasfêmia contra o Espírito Santo.
  • Exige que os homens abandonem seus pecados, inclusive o engano e a desonestidade.
  • Leva o cristão a deliberadamente se submeter ao senhorio completo de Jesus Cristo.

A decisão é sua. Em que você colocará sua fé? Qual caminho tomará? Coloque sua fé em Cristo, que disse:

Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim (João 14:6). 

Notas

  1. Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 6, p. 4.
  2. Livro de Mórmon, Jacó, cap. 2, vv. 27–28.
  3. Doutrinas e convênios, seção 132, vv. 61–62.
  4. Doutrinas e convênios, seção 132, v. 4.
  5. Teaching of the Prophet Joseph Smith, p. 345.
  6. Profeta Lorenzo Snow, citado por Milton R. Hunter, The Gospel Through the Ages, pp. 105–106.
  7. Apóstolo Orson Pratt, The Seer, p. 37.
  8. Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 1, p. 50.
  9. Brigham Young, Journal of Discourses, vol.1, pp. 50–51.
  10. Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 13, p. 282.
  11. Orson Hyde, Journal of Discourses, vol.4, pp. 259–260.
  12. Brigham Young, Journal of Discourses, vol. 3, p. 247; vol. 4, p. 220.
  13. What the Mormons Think of Christ, pp. 27–33.
  14. Apóstolo Evans na revista Look, Oct. 5, 1954.
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